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Desvendando os cinco desafios de uma equipe

Neste artigo, exploraremos os principais desafios enfrentados por uma equipe de excelência. Recentemente, tive a oportunidade de participar de um evento de integração e estratégia na minha área. Neste evento, pude observar de perto como a comunicação e a colaboração ainda representam obstáculos significativos para o sucesso da empresa, mesmo com o passar do tempo.

Essas dificuldades são resultado de comportamentos moldados por experiências, ambiente, crenças e pela forma como os líderes atuam. Em suma, há uma variedade de fatores envolvidos.

O que discutimos durante o evento está em perfeita sintonia com um livro que aborda as cinco principais disfunções encontradas em equipes de trabalho.

Disfunções de uma equipe e o livro “As Cinco Disfunções de um Time”

O livro, escrito por Patrick Lencioni em 2022, é uma obra de referência sobre gestão e liderança nos Estados Unidos. Não se trata de um livro técnico, mas sim de um romance com um contexto específico e valiosas lições, como o Projeto Phoenix, que trata de DevOps, e “Liderar com respeito“, que aborda o Lean.

Através da história de uma CEO chamada Kathryn Peterson, o livro explora os desafios comuns enfrentados pelas equipes e oferece insights excelentes para superar esses obstáculos.

Não vou contar toda a história do livro, para não estragar a surpresa para aqueles que desejam lê-lo, mas vou contextualizar para que vocês entendam como os problemas são abordados.

Kathryn é contratada como CEO de uma empresa chamada DecisionTech, que está enfrentando uma série de desafios e apresentando baixo desempenho.

Ela assume uma equipe executiva desunida e disfuncional, composta por cinco membros: Jeff, o diretor de vendas; Mikey, o diretor de marketing; Jan, o diretor de produção; Charlie, o diretor financeiro; e Martin, o diretor de tecnologia.

Adivinha quais problemas essa equipe enfrenta? Falta de confiança, medo do conflito, falta de comprometimento, evasão de responsabilidades e falta de atenção aos resultados do grupo. Em outras palavras, tudo que impacta diretamente na colaboração com o time.

Alguns de vocês podem dizer: “Ah, já ouvi isso antes quando você falou sobre desempenho, liderança e ambiente seguro”.

Sim, e vocês continuarão me ouvindo falar sobre isso, enquanto for relevante para que as empresas atinjam a maturidade e as equipes desenvolvam uma cultura na qual esses pontos sejam tão pequenos que não influenciam no comportamento e na felicidade dos times.

Falta de confiança entre a equipe e suas estratégias de superação

O primeiro problema é a falta de confiança. Inicialmente, a equipe de Kathryn enfrenta problemas nesse aspecto. Os membros da equipe não se sentem à vontade para serem vulneráveis uns com os outros, expressar preocupações ou admitir erros. Isso resulta em uma comunicação ineficaz e falta de cooperação. Vocês já presenciaram algo assim?

E para resolver esse problema, Kathryn possui cinco principais estratégias:

  1. Estabelecer vulnerabilidade: Ela começa compartilhando sua própria vulnerabilidade e abertura com a equipe. Ela revela seus erros e reconhece suas fraquezas, criando um ambiente de confiança psicológica.
  2. Construir relacionamentos pessoais: Ela incentiva os membros da equipe a se conhecerem melhor pessoalmente, compartilhando informações sobre suas vidas fora do trabalho. Isso ajuda a humanizar os colegas e a construir laços mais fortes entre eles.
  3. Promover a transparência: Ela incentiva a comunicação aberta e honesta entre os membros da equipe. Ela estabelece a expectativa de que todos devem expressar suas opiniões e preocupações de forma direta, sem medo de retaliação.
  4. Encorajar a partilha de informações: Ela incentiva os membros da equipe a compartilhar conhecimentos, experiências e recursos uns com os outros. Isso cria um ambiente de colaboração e cooperação, onde todos se beneficiam do conhecimento coletivo.
  5. Realizar atividades de construção de equipe: Ela organiza atividades de team building que visam fortalecer os laços entre os membros da equipe. Essas atividades podem incluir exercícios de confiança, projetos conjuntos e celebrações de sucesso.

Medo do conflito entre a equipe e suas estratégias de superação

O segundo problema é o medo do conflito. No livro, devido à falta de confiança, a equipe evita o conflito. Eles não se sentem à vontade para expressar opiniões divergentes e discordar uns dos outros. Isso resulta em decisões que nem sempre são as melhores e falta de inovação.

Muitas equipes evitam o conflito por medo de desentendimentos ou tensões. No entanto, o conflito construtivo e a crítica construtiva são essenciais para o crescimento e o desenvolvimento da equipe. Para esse segundo problema, ela tem estratégias diferentes.

Estabelecer normas de equipe

Ela define normas claras que incentivam o debate aberto e construtivo. Essas normas estabelecem expectativas de que os membros da equipe expressem suas opiniões honestamente e se envolvam em discussões saudáveis.

Por exemplo, ela estabelece uma norma que é “Expressar opiniões honestas durante as discussões, mesmo que sejam contrárias à opinião da maioria.” Outra norma que ela estabelece é “Manter o foco nos problemas e não nas pessoas durante os debates.”

Ela enfatiza que o objetivo das discussões é encontrar as melhores soluções para os problemas da equipe, e não atacar ou culpar uns aos outros. Esses são apenas dois exemplos, mas há diversas outras que podem fazer muito sentido para você, então sugiro que leia o livro.

Incentivar o confronto construtivo

Ela encoraja os membros da equipe a enfrentarem as questões e divergências de opiniões de forma construtiva. Isso mostra que o confronto é uma parte natural do processo de tomada de decisões e que os conflitos bem gerenciados podem levar a melhores decisões e, consequentemente, a melhores resultados.

Criar um ambiente seguro

Ela estabelece um ambiente seguro e respeitoso, onde os membros da equipe se sintam à vontade para expressar seus pontos de vista sem medo de retaliação ou julgamento. Isso permite que as pessoas se envolvam em discussões abertas e honestas, sem se sentirem ameaçadas.

Utilizar técnicas de mediação

Quando surgem conflitos mais intensos, Kathryn atua como mediadora, facilitando o diálogo entre os membros da equipe. Ela ajuda a canalizar as emoções de forma produtiva e a encontrar soluções que beneficiem a equipe como um todo, sem uma visão individual.

Estimular a diversidade de pensamento

Ela valoriza a diversidade de perspectivas e opiniões na equipe, incentivando os membros a considerarem diferentes pontos de vista. Isso enriquece as discussões e estimula o debate saudável.

Falta de comprometimento na equipe e suas estratégias de superação

O terceiro problema dessa equipe disfuncional é a falta de comprometimento. Com o medo do conflito, a equipe não chega a um consenso em suas decisões. Os membros se sentem desencorajados a expressar suas opiniões, levando a compromissos fracos e falta de engajamento com as decisões tomadas.

O comprometimento, em uma visão geral, é a capacidade da equipe de tomar decisões e aderir a elas. Quando os membros da equipe não estão comprometidos com as decisões tomadas, a execução das tarefas e o alcance desses objetivos se tornam muito ruins.

E para resolver esse problema, ela traz mais algumas estratégias:

Estabelecimento de metas e objetivos claros

Ela garante que todos os membros da equipe tenham uma compreensão clara dos objetivos da equipe e das metas que precisam ser alcançadas. Ela facilita discussões e define expectativas para garantir que todos estejam alinhados e comprometidos com os mesmos resultados.

E aqui, falando de metas e objetivos, é importante lembrar da comunicação assertiva e da definição de metas no modelo SMART, ou seja, específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e temporais.

Criação de um ambiente de participação

Ela encoraja a participação ativa de todos os membros da equipe nas discussões e tomadas de decisão. Ela valoriza as contribuições individuais e procura obter consenso em relação às decisões importantes. Veja que é consenso e não unanimidade. Dessa forma, ela promove o senso de pertencimento e compromisso de cada membro em relação às decisões tomadas.

Definição de responsabilidades individuais

  Para garantir o comprometimento, ela também assegura que cada membro da equipe tenha responsabilidades claras e específicas dentro do projeto ou das tarefas da equipe. Ela estabelece expectativas claras sobre o papel de cada pessoa e define indicadores de desempenho para avaliar o progresso e os resultados alcançados. Olha como as coisas são bem alinhadas: primeiro a visão, estratégia, metas e objetivos do time, metas e objetivos individuais e tarefas. Tudo isso com seus KPIs, OKRs para que possam ser acompanhados.

Empresas e times maduros são aderentes a esse modelo porque dão clareza, responsabilidade, relevância e permitem acompanhar o que está acontecendo.

Fomento da transparência e confiança

Ela incentiva a abertura e a honestidade na comunicação entre os membros da equipe. Ela promove um ambiente onde as pessoas se sintam à vontade para expressar preocupações, compartilhar informações e buscar apoio uns nos outros. Isso cria um ambiente de confiança mútua, que é fundamental para o comprometimento individual e coletivo.

Evasão de responsabilidades e suas estratégias de superação

O quarto problema dessa equipe é evitar responsabilidades. Como resultado da falta de comprometimento, os membros da equipe não se responsabilizam individualmente por suas ações e resultados. Eles apontam dedos e evitam assumir a responsabilidade por falhas, o que leva a uma cultura de desculpas e falta de responsabilidade pessoal.

Quando os membros da equipe não assumem a responsabilidade por suas ações e resultados, a produtividade e o resultado da equipe como um todo são comprometidos.

Para resolver esse problema, ela também usa outras estratégias, mas duas anteriores são totalmente relevantes: a definição clara das responsabilidades de cada membro do time, deixando assim claras as expectativas em relação a cada um e quais suas atividades, e o estabelecimento de objetivos claros, usando o modelo SMART.

Além dessas, ela tem as estratégias de:

Acompanhamento regular do progresso

Ela implementa um sistema de monitoramento do progresso individual e coletivo. Ela realiza reuniões periódicas para avaliar o andamento das tarefas e projetos, identificar obstáculos e tomar medidas corretivas. Ao acompanhar de perto o progresso, ela reforça a responsabilidade individual e incentiva a prestação de contas por parte de cada membro da equipe.

Estabelecimento de consequências

Kathryn estabelece consequências claras para a falta de responsabilidade. Ela deixa claro que o descumprimento das responsabilidades terá impacto negativo na equipe e nos resultados. Isso cria um senso de urgência e incentiva os membros a assumirem suas responsabilidades adequadamente.

E aqui, pessoal, não se trata de punição, mas sim de um compromisso que ela estabelece com a equipe. É importante deixar claro para a equipe que as consequências não são punições, mas sim um acordo. 

Fomento da confiança e apoio mútuo

 Ao criar um ambiente de confiança, Kathryn faz com que os membros da equipe se sintam à vontade para pedir ajuda, compartilhar dificuldades e reconhecer erros. Assim, ela incentiva a colaboração e a troca de conhecimentos, fortalecendo o senso de responsabilidade coletiva.

Reconhecimento e recompensa. 

Ela valoriza e reconhece publicamente os membros da equipe que assumem responsabilidades e alcançam resultados positivos. Ela celebra as conquistas individuais e coletivas, incentivando um ambiente em que a responsabilidade seja valorizada e recompensada. Isso motiva os membros a se comprometerem mais ativamente com suas responsabilidades.

Desatenção aos resultados da equipe

E o último problema que vocês devem ter percebido é quase uma consequência do anterior, é a desatenção aos resultados do grupo:Inicialmente, a equipe está focada em seus objetivos individuais em vez de se concentrar nos resultados do grupo. Cada membro da equipe coloca suas próprias metas e interesses pessoais à frente do sucesso coletivo, prejudicando a colaboração e, consequentemente, o resultado coletivo.

Para tratar esse problema, Kathryn trabalha com as seguintes estratégias:

Definição de objetivos compartilhados

Além de estabelecer objetivos claros, ela garante que esses objetivos sejam compartilhados. Ela assegura que todos os membros tenham uma compreensão clara das metas do grupo e de como o sucesso coletivo será medido. Ao alinhar todos em torno de uma visão comum, ela cria um senso de propósito compartilhado.

Monitoramento regular do desempenho.

Ela implementa um sistema de acompanhamento e monitoramento regular do desempenho da equipe. Isso envolve a definição de indicadores-chave de desempenho (KPIs) que medem o progresso em relação aos objetivos estabelecidos.

Ela realiza reuniões periódicas para revisar o desempenho, identificar desvios e tomar ações corretivas quando necessário.

Esse monitoramento constante ajuda a manter a atenção dos membros da equipe nos resultados do grupo e na busca pela melhoria contínua.

Revisão e ajuste da estratégia

E, por fim, ela periodicamente lidera a equipe em revisões estratégicas, nas quais são avaliadas a eficácia das abordagens adotadas e a relevância dos objetivos estabelecidos.

Essas revisões permitem que a equipe faça ajustes e adaptações necessárias para manter o alinhamento com as demandas e mudanças do ambiente, principalmente considerando que vivemos em um mundo complexo e volátil. Acompanhar, revisar, pivotar e se adaptar são necessários para que a gente consiga focar em resultados relevantes.

Cinco desafios das equipes

Insights e estratégias para líderes

Então, pessoa, fazendo uma grande revisão de tudo o que falamos nestes dois episódios e deixando uma mensagem para você, que é líder, os principais insights são:

Cultive uma cultura de confiança

A confiança é a base de uma equipe bem-sucedida. Como líder, é fundamental criar um ambiente onde os membros se sintam seguros para expressar suas opiniões, compartilhar ideias e admitir vulnerabilidades. Invista em relacionamentos pessoais, promova a transparência e trate os erros como oportunidades de aprendizado. Lembre-se de que a confiança se desenvolve ao longo do tempo, mas pode ser destruída em um instante. Faça da construção e manutenção da confiança uma prioridade constante.

Encoraje o conflito produtivo

O conflito saudável é essencial para o crescimento e a inovação. Como líder, estimule seus membros a expressarem opiniões divergentes, debaterem ideias e resolverem conflitos de forma construtiva. Crie um espaço seguro para o diálogo aberto e garanta que todos sejam ouvidos. Ao incentivar o conflito produtivo, você permitirá que a equipe chegue a soluções melhores e fortaleça os laços de trabalho em equipe.

Estabeleça normas claras e significativas

É crucial que você, como líder, defina normas de equipe claras e significativas para orientar o comportamento dos membros. Envolver a equipe na definição dessas normas é fundamental, garantindo assim que todos compreendam e aceitem as mesmas.

Além disso, assegure-se de que as normas estejam alinhadas com os objetivos e valores do grupo. Faça delas uma parte essencial do dia a dia, reforçando-as constantemente e modelando o comportamento esperado.

Cultive o comprometimento e a responsabilidade

Estabeleça uma cultura de comprometimento, onde cada membro da equipe entenda sua responsabilidade em relação aos resultados coletivos. Incentive a participação ativa e envolva a equipe nas decisões importantes.

Certifique-se de que todos compreendam o propósito e a importância de seu trabalho, para que se comprometam com os objetivos do grupo. Ao promover o comprometimento e a responsabilidade, você estimulará o engajamento e a excelência.

Foque nos resultados e celebre o sucesso

Mantenha um foco constante nos resultados do grupo. Estabeleça metas claras e mensuráveis, monitore o progresso e tome ações corretivas quando necessário.

Reconheça e celebre as conquistas coletivas, valorizando o esforço e a contribuição de cada membro. Ao manter o foco nos resultados e celebrar o sucesso, você inspirará sua equipe e gerará engajamento.

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Conclusão

Em suma, enfrentar o desafio de liderar uma equipe é uma tarefa contínua. No entanto, ao adotar uma abordagem baseada na confiança, na comunicação aberta, no comprometimento, na responsabilidade e na orientação para resultados, você, sem dúvida, estará trilhando o caminho certo. Além disso, é crucial que você esteja disposto a investir tempo e esforço no desenvolvimento das pessoas, pois uma equipe unida e engajada é o segredo para o sucesso.

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