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Aprenda a lidar com pessoas difíceis

Pessoas Díficeis

Quem nunca cruzou com pessoas difíceis que atire a primeira pedra

Quem nunca perdeu a paciência com uma pessoa difícil, certo? Sabe o que é mais engraçado? O que nós não gostamos nessas pessoas são as coisas que menos gostamos em nós mesmos. Assim, sempre que nós estamos julgando um comportamento do outro, é porque nós não toleramos esse comportamento em nós mesmos. Um ponto curioso, mas que vou deixar para psicologia explicar.

O meu objetivo hoje é falar um pouco sobre os perfis que em algum momento das nossas carreiras, cruzamos e dar umas dicas de como podemos lidar melhor com essas pessoas. Tive uma ajuda da minha colaboradora secreta para identificar alguns perfis e eu tenho certeza vocês os irão reconhecer.

O Falador

O primeiro perfil é do cara que fala muito e corta todo mundo. Aquele que não deixa ninguém falar. Ele consegue tirar do sério até as pessoas mais calmas.

Vamos imaginar o seguinte cenário, uma reunião com Diretores, Cliente e o Time. O cliente começa a explicar como ele imagina que seria um determinado aplicativo e de repente essa pessoa interrompe e começa a falar, dizendo que acha que deveria ser diferente. O cliente tenta falar, mas ele não para, não dá espaço para a pessoa se posicionar. O diretor olha para ele, mas ele finge que não viu ou nem percebeu e continua tagarelando. O time se segura para não rir. O cliente educadamente pede a palavra e acredite, ele não para, insistindo que deve ser feito de acordo com o seu ponto de vista. Chega um momento que o diretor acaba interrompendo de forma abrupta e pede para que ele se atenha a falar quando for solicitado. O clima fica super tenso e a reunião precisa ser reagendada para que tudo volte ao normal.

Na maioria das vezes, pessoas com esse perfil não têm maldade, muito pelo contrário, elas querem contribuir. Porém ao invés do diálogo e do reconhecimento da visão de cada um, essa pessoa acaba colocando os demais em uma situação embaraçosa, frequentemente os outros acabam desistindo de dar suas opiniões.

Para lidar com uma pessoa com esse perfil, é importante conversar muito antes e depois das reuniões. São pessoas que podem ser ótimos contribuintes se entenderem que terão espaço para falar.  Uma outra forma de lidar é criar “âncoras”, que são gatilhos visuais para que essas pessoas saibam quando devem “parar pra respirar”  e dar espaço para os outros.

O Sabe Tudo

Um outro perfil é o sabe tudo, aquele que não importa o que você diga, ele sabe. Conhece sobre ações, filmes europeus, faz bolo, é enólogo, construiu robô, praticamente um Rodrigo Hilbert.

O ponto principal é que esse perfil tem uma grande necessidade de se afirmar. É provável que vivências anteriores tenham influência neste comportamento, mas independente do gatilho que criou esse modelo comportamental, ele acaba afastando as pessoas. Ninguém gosta de andar ao lado de alguém que sabe tudo porque isso sempre dá aquela sensação de inferioridade. Não importa o quanto você se desenvolve, essa pessoa sempre é melhor que você.

E aqui entra um ponto muito importante. Para lidar com pessoas assim a primeira coisa que você deve fazer é se blindar psicologicamente para não se comparar a ele e sim a você. Você não precisa ser melhor que ninguém a não ser você mesmo.

Use o seu Ego

Dito isso, o segundo ponto que você deve saber é que na maioria dos casos essas pessoas não sabem tudo, mas elas sabem se virar e descobrir. Use isso a seu favor e trate de uma forma ganha-ganha. Quer um exemplo?

Imagine que você vai ter um projeto que precisa de testes automatizados e você acaba comentando com ele. É quase certo que neste momento ele irá falar “Já trabalhei. Conheço. Já implantei. Sou o jedi dos testes”. Ao invés de bufar e pensar “PQP”, olhe para ele e diga “Poxa, você poderia me dar uma ajuda a definir as ferramentas e padrões que vão ser usados”.

Provavelmente ele não esperava por isso e por conta do ego não vai voltar atrás. Ele vai te pedir um tempo e seguir por dois caminhos: esperar o assunto esfriar e ficar quietinho ou vai estudar para mostrar que sabe. Se ele for um “curioso competente”, pode ser que ele contribua de forma positiva. Agora, se ele for um “curioso incompetente”, melhor nem tocar no assunto.

O Cheio de Boa Vontade

O terceiro perfil é um que todos adoram como pessoa, mas no trabalho acaba dando trabalho. É o cheio de boa vontade. Você pede para ele fazer uma coisa e no meio do caminho quando você vai conversar, descobre que ele mudou tudo e achou a melhor solução do problema.

Seria ótimo, mas na maioria dos casos, apesar da boa intenção, ele provavelmente não viu o contexto como um todo. As vezes temos fatores como prazo, escopo, pessoas envolvidas, solução pensada ou alguma coisa ficou de fora. Geralmente quando se acha a melhor solução milagrosa é sempre considerando a sua visão e não a visão de todos que podem ser impactados.

Quer ver um exemplo simples, você reclama que o ar condicionado está muito forte e pede para trocar de lugar com o seu colega do lado. Ele ouve e quando todos estão almoçando, ele te troca de lugar e coloca próximo da janela, porque lá ele sabe que o ar não estará batendo. Ótimo não? Pois é, mas assim você acaba ficando longe das pessoas com quem mais interage, não consegue enxergar a tela por causa da claridade e ainda passa do frio para o calor.

Claro que a intenção foi boa, mas ele só considerou um lado do problema. Dessa forma, para lidar com essas pessoas, seja claro, descreva o porquê de estar pedindo que algo seja feito de uma certa maneira e dê espaço também para que a pessoa seja propositiva, mas deixando claro que aceita mudanças, desde que estas sejam acordadas. Sempre lembre aquela velha frase, acordado não sai caro.

O Negativo

Lembram de Hardy, a hiena do desenho que tinha como bordão “Oh vida, oh céus, oh azar… isso não vai dar certo!” Então, é esse. É o cara que chega no trabalho e fala mal do café, reclama do chefe, fala mal do cliente, da política e do time de futebol. Se está sol, reclama que está calor e se está chovendo, reclama da chuva. O tempo está nublado, diz que isto é sinônimo de dia chato. É aquele que tenta sempre ver as cosias pelo lado negativo

O que fazer com ele? Sumir é claro, só que não. O ponto é que essas pessoas geralmente têm uma carga emocional muito grande, e com certeza já passaram ou estão passando por momentos difíceis. Às vezes, o excesso de “realidade”, gera este tipo de sentimento assim, principalmente se as coisas não estão saindo de acordo com a sua expectativa.

Então, a melhor forma de lidar com eles é, primeiramente se blindar, porque a negatividade infelizmente pode contagiar e para isso você deve entender que a realidade dos outros não é a sua verdade.

Foco no pensamento positivo

Uma outra forma de lidar com este perfil é fazer com que essa pessoa pense de forma positiva, com questionamentos. Não diga simplesmente que o dia está bom, ou que algo vai dar certo. Para quem tem o pensamento negativo vai apenas fazer com que essa pessoa desdenhe de você.

Se a pessoa reclama do café, pergunte: O que seria necessário para o café não estar ruim? O que seria necessário para que você conseguisse fazer isso? O que seria necessário para que o seu dia ficasse melhor?

Faça a pessoa mudar o fluxo do pensamento dela, do pior para o melhor. Se ele falar alguma coisa ainda negativa, pergunte novamente e lembre-se que isso não vai mudar de um dia para o outro, é um modelo mental que deve ser reavaliado.

O Vingativo ou Rancoroso

O próximo perfil é aquele que sempre está à espreita, à espera. Se em algum momento você contestou uma pessoa Vingativa ou Rancorosa, saiba que ela vai esperar a hora certa para usar aquela velha frase “não te disse”?

Aqui fica a dica, o maior problema da pessoa rancorosa pode ser você mesmo. Imagine a seguinte situação, um belo dia aquele seu colega de trabalho teve um estalo e uma ideia maravilhosa. Te apresentou e você colocou várias dúvidas nele, por isso ele decidiu não seguir adiante. Ao passar algum tempo alguém foi lá e fez exatamente o que ele havia pensado. Problemas surgiram no meio do caminho, mas fez os ajustes necessários e no final foi reconhecido pelo que fez.

A partir deste momento essa pessoa vai te ver como aquele que tirou dele a oportunidade. É claro que se essa pessoa tivesse mais autoconfiança, ela iria ouvir, mas não deixaria de seguir adiante. Porém, dependendo do grau de relacionamento, as pessoas levam muito em consideração a opinião dos outros.

Outra dica, opinião é uma coisa, fato é outra. Se alguém criticar o seu trabalho com opiniões fortes, ignore, se alguém trouxer fatos e dados, preste atenção.

Use fatos e dados

Em relação ao vingativo e rancoroso, o melhor é não deixar ele chegar a essa situação. Preste atenção, seja crítico, use fatos e dados, mas incentive. Lembre-se que até o fracasso é um resultado que traz aprendizado. Lembra da velha história da lâmpada de filamentos do Thomas Edison? Foram muitos fracassos até o sucesso. O que teria acontecido se ele tivesse desistido?

Se você pensou que estaríamos na idade das trevas se enganou. Provavelmente, alguém iria ver o que ele fez, entender onde ele estava errando e iria ter sucesso, ou seja, o resultado (fracasso) de Thomas Edison seria a base para o sucesso de outro. Reforçando, o erro é apenas um resultado.

O Perseguido

O próximo é um tipo de pessoa que vem crescendo cada vez mais, principalmente neste mundo de competitividade, alta complexidade e volatilidade, onde tudo muda o tempo todo.  Esse tipo de pessoa é o perseguido.

Pessoas com esse perfil são pessoas reativas. Se você fala que aconteceu um problema, a primeira coisa que essa pessoa responde é que não foi ela. Ela não sabe de nada, provavelmente foi outra pessoa e às vezes até falam o nome de alguém pra fugir da mira.

Sempre tentam esconder os seus próprios erros. Dizem que estão sendo perseguidas, que só acham problemas quando é com elas e na maioria das vezes escondem um medo de serem dispensadas, se alguém perceber que não são boas o suficiente.

Aceite e aprenda com os erros

Isso se deve principalmente à forma como a sociedade trata os problemas. Se você tira uma nota baixa, você leva bronca. Quebrou um brinquedo? Leva bronca. Repetiu de ano? Leva bronca. Se bateu o carro, leva bronca. Se errou no trabalho, leva bronca. Em outros termos, a nossa sociedade diz claramente que se você errar você será recriminado. Isso não quer dizer que você não vai errar, isso quer dizer apenas que o erro não pode ser visto. Você realmente acha que o ser humano é capaz de viver uma vida sem erros?

Então como lidar com o perseguido?  O primeiro ponto é deixar claro que o mérito de uns não traz problema para os outros, muito pelo contrário, ele deve servir de exemplo. Não é porque um teve sucesso que eu terei fracasso.

Ambiente Psicologicamente Seguro

O segundo ponto é criar um ambiente psicologicamente seguro, para que essa pessoa saiba que pode falar a verdade. Que ela pode errar sabendo que não será julgada e sentenciada. E principalmente, se sinta confortável para dizer “não sei, mas vou aprender”. Grande parte dos erros que acontecem é porque alguém tem que fazer algo que não sabe, mas não se sente confortável para dizer que não sabe.

Imagine se um piloto em treinamento não fala que não sabe pousar porque só aprendeu a decolar. É claro que isso é uma brincadeira, mas a verdade é que grandes problemas poderiam ser evitados se as pessoas se sentissem seguras para falar a verdade.

O Machista

E por último e não menos importante, O Machista, ou como eu gosto de chamar “o babaca”. Esse é aquele tipo de pessoa que não respeita a opinião da mulher, que critica tudo que ela fala e se for questionado vai dizer que ela está de TPM. Quando está com outros homens quer se mostrar, quer falar das mulheres da empresa e falar das mulheres que já pegou.

Além disso, praticam mansplaining e manterrupting. Existem termos para descrever o ato de interromper a explicação da mulher e explicar aos demais o que ela estava tentando dizer, como se ela fosse incapaz de argumentar.

Infelizmente este é um caso de questão cultural e que vai muito além do trabalho. Mas como estamos abordando o âmbito do trabalho, quer saber como lidar com esse tipo de pessoa?

Seja indiferente e esfregue na cara o seu resultado. Não dê espaço para que ninguém te julgue pela sua cor, crença, sexo, religião ou qualquer outra característica que possa ser usada para criar uma segregação. Seja você e seja a sua melhor versão.

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