No artigo desta semana vamos falar sobre paz que buscamos. A paz precisamos para nossa vida.
A pandemia e as mudanças nas nossas vidas
Estamos no segundo ano de uma pandemia mundial que trouxe muitas mudanças para nossa vida. Mudanças na nossa rotina, nas empresas e no nosso modelo de trabalhar.
No meio dessa turbulência, nós estamos constantemente buscando o nosso ponto de paz, aquela paz perfeita que acreditamos que vai nos trazer tranquilidade e calma. E coincidentemente esse assunto tem sido bem recorrente nas minhas conversas, cada um, busca a paz de uma maneira.
Alguns falam do trabalho que durante esse período de pandemia tem sido árduo, tem sido mais cansativo e até mesmo tem sido mais exigido.
É normal que nós tenhamos essa percepção. Geralmente estamos mais focados no trabalho, começamos mais cedo, terminamos mais tarde. Já acordamos, de certa forma, nos preocupando com o trabalho.
O que mudou aqui não foi apenas o trabalho. Nós também mudamos. Desde o início da pandemia, ficamos mais conectados. Tomamos café olhando as mensagens, almoçamos às vezes até em frente ao computador, para “não perder tempo”. Tudo porque às vezes nós achamos que a paz é zerar a nossa lista de pendências.
Vou te contar uma coisa, a sua lista de pendências não vai nunca zerar e isso é o normal. Não importa o quanto você trabalhe, sempre terá algo a mais para resolver. Se não estabelecer os limite do seu expediente, só vai te causar ansiedade, angústia e sentimento de que não importa o que você faça sempre vai ter mais a ser feito.
Claro que a pandemia e ficar em casa potencializa esse sentimento. Também não vamos romantizar o trabalho pensando que só teremos momentos de alegria e problemas não vão ocorrer. É fato que teremos que nos adaptar.
Se você acredita que o trabalho é o único vilão quando falamos de paz, está enganado. Vejo isso também, de forma recorrente, nos relacionamentos.
Juntinhos o tempo todo?
Para quem acreditava que ficar junto o tempo todo ia ser um fator de aproximação, pode ter certeza de que para muitos casais não tem sido. A sobrecarga de atividades da casa, cuidar das crianças, das atividades do dia a dia, do trabalho e até mesmo o cansaço psicológico por conta dos riscos da pandemia faz com que muitos relacionamentos acabem ou sejam seriamente abalados.
Antes de mais nada, não adianta pensar que paz é ter um relacionamento onde não haja discussão, não haja ciúmes, preocupações do dia a dia e que todos lidam bem com o fato de estar isolados em casa, porque isso será muito difícil de se alcançar.
Tanto no trabalho quanto no relacionamento, precisamos ser flexíveis. Nem sempre vamos fazer apenas o que gostamos e precisamos lidar com as situações em que se faz necessário realizar atividades que são importantes, urgentes ou necessárias, mas que nem sempre fazem parte do que gostaríamos de fazer.
Precisamos fazer isso com maturidade, tanto no trabalho quanto no relacionamento. E saber aceitar esse cenário vai te aproximar muito mais da paz e plenitude que você está procurando do que ficar com a eterna expectativa de que tudo vai acontecer exatamente como você gostaria.
A paz perfeita
Existe uma fábula japonesa muito interessante que acredito que se enquadra muito bem nesse episódio: é a fábula da paz perfeita.
Há centenas de anos existia um imperador japonês que queria muito ornamentar o salão imperial com uma pintura que representasse aquilo que ele mais buscava para o seu império, a paz perfeita.
Em busca dessa pintura, ele convocou os melhores pintores da época e pediu que cada um fizesse um quadro que melhor refletisse a paz perfeita. O pintor do quadro escolhido receberia como prêmio, uma pequena província.
Diversos quadros foram pintados. Alguns mostrando vitórias sobre outros impérios, riquezas, muitos filhos e até mesmo um lugar sagrado. Porém, nenhum desses realmente chamou a atenção do imperador, que já estava acreditando que não encontraria um quadro que realmente refletisse o que buscava.
Os dois quadros
Eventualmente, dois quadros foram apresentados a ele:
O primeiro mostrava um lago tranquilo e calmo, com um espelho d’água que refletia as montanhas com os picos cobertos de gelo que o rodeavam. Sobre as montanhas um lindo céu azul, com tênues nuvens brancas.
Todos que olharam a pintura admiraram e tinham a certeza de que ela refletia uma paz muito grande.
Assim como o primeiro, o segundo quadro também tinha montanhas. Porém, suas montanhas eram despidas de vegetação, onde as rochas escuras eram evidentes. Sobre as montanhas um céu tempestuoso com relâmpagos que iluminavam toda a montanha.
De forma turbulenta a água descia pelas encostas da montanha, formando verdadeiras cachoeiras. Nada disso parecia pacífico para quem observava.
Porém, bem ao centro de uma dessas cachoeiras que se formavam, havia um arbusto crescendo na fenda de uma rocha. E era possível perceber que desse dentro arbusto havia um ninho e um passarinho placidamente sentado sem se deixar abalar pelo que acontecia ao seu redor.
Essa foi a pintura que o imperador escolheu. E quando perguntado qual a razão de sua escolha ele sabiamente respondeu:
“Paz não significa estar em um lugar, sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo ou sem dor. Paz significa que, apesar de estarmos no meio de tudo isso, permanecemos calmos em nosso coração. Este é o verdadeiro significado da paz perfeita”
A paz que procuramos
Espero que vocês tenham uma ótima semana, encontrando a paz que faz sentido para cada um de vocês. Lembre-se da última frase do imperador: paz significa que, apesar de todas as intempéries que podemos ter, permanecemos com a calma em nossos corações.
Desta forma é fundamental que você seja flexível, entenda os seus processos emocionais, tenha empatia e saiba escutar mais do que falar.